Futebol, eleições e teatro bunraku
Ainda há quem acredite que não há manipulação nessas pesquisas pré-eleições e que a diferença entre as pesquisas e a realidade é só um “errinho” aceitável.
Depois de ver Tasso liderar as pesquisas antes das eleições e vê-lo fora, inclusive da vida política, espero que essa visão de alguns mude “um pouco”. Sem falar dos 6 pontos de diferença entre as pesquisas e a realidade de urna da Marina.
Quem não enxerga isso é como um espectador de bunraku (vou explicar :)).
Semana passada li um livro do Luis Fernando Veríssimo que reúne diversas crônicas por ele escritas durante as copas do mundo de futebol que cobriu.
Alguém pergunta: “E o que futebol tem a ver com eleições?”
Bom, segue um trecho do texto:
(…) O bunraku é uma das tradicionais formas de teatro do Japão, junto com o noh e o kabuki. No bunraku, bonecos são manipulados por pessoas encapuzadas vestidas de preto, e uma das suas convenções é que a platéia precisa fingir que os bonequeiros não estão no palco para poder aproveitar o espetáculo. Quem se concentrar nos movimentos dos manipuladores, em vez de nos bonecos, não acompanhará a trama e perderá o melhor. No futebol brasileiro e nos campeonatos mundiais organizados pela Fifa acontece a mesma coisa: para aproveitá-los você precisa fingir que os manipuladores não existem, ou são apenas recursos cênicos neutros. Fica cada vez mais difícil ignorar a presença dos vultos negros movendo os atores e os cenários do futebol. Mas é preciso concentrar-se no espetáculo e fazer de conta que não tem mais ninguém no palco. Pois a única maneira de aproveitar o que uma Copa do Mundo e um campeonato nacional tem de único e de sensacional é encará-los como teatro bunraku. É ver os manipuladores em cena – pois alguns nem se dão mais o trabalho de usar capuz -, saber que eles estão lá, mas ignorá-los e dar toda a atenção à arte e à grandeza do futebol bem jogado. (…)
Para a analogia ficar um pouco mais convincente, ficou faltando só a arte e a grandeza da política. Onde está?
Sem mais.